Posted by on nov 12, 2014 in Cultura da infidelidade | 0 comments

No mundo da arte, o conceito de traição sempre teve fronteiras muito instáveis. Vamos voltar no tempo, e se esforçem para viver de novo naquela cidade que no final do 800, fresca de reformas econômicas e mudanças estruturais devidas ao bem conhecido urbanista barão Haussmann, se tornou o centro da modernidade, do desenvolvimento económico e da arte, estamos falando de Paris. Isso, para a Cidade das Luzes é talvez o auge, um período que vai durar por décadas, no qual artistas de todo o mundo se mudaram para Paris para beneficiar dos ambientes mágicos, das obras dos sonhadores e artístas que fizeram esta cidade a capital indiscutível de todas as artes.

Kiki de Montparnasse

Kiki de Montparnasse

As luzes cintilantes da Ville Lumière atraiu não só os artistas, mas também moças em busca de fortuna, que se mudavam para Paris para fazer pequenos trabalhos de costura, abrigando um desejo de destaque ou mesmo a sua vingança social.

Para uma jovem costureira era fácil de ser notado e tornar-se a musa do momento de Renoir, Degas, Picasso ou Modigliani: um corpo para retratar que foi recompensado com dinheiro, carinhos e muito mais. O amor, verdadeiro, sentido no profundo e pintado em telas brancas, foi o privilégio de artistas infiéis e libertinos, que trocavam o seu amor e sua arte com jovens modelos improvisadas, apesar de ter esposas, como no caso de Picasso, casado duas vezes e, apesar disso, envolvido em vários casos extraconjugais.

Mas voltando alguns anos atrás, bem no coração da encantadora Montmartre, encontramos a história de Suzanne Valadon, uma dançarina descoberta por Degas, que se tornou famosa não só por ser a amante de Renoir, mas, posteriormente, também de Toulouse-Lutrec, com quem embarcou em um relacionamento tortuoso e turbulento. Ela era a mãe de Maurice Utrillo, um famoso artista que desenhou paisagens da “butte”, cuja paternidade era desconhecido, por causa da vida amorosa intensa da mãe.

Nós nos movemos agora para outro bairro famoso no sul de Paris, no coração da Belle Epoque, para encontrar outro personagem que fez seu corpo o instrumento de conquista e fortuna, e com quem ele ganhou várias amantes: de “Cisne de Livorno” Modigliani, ao fotógrafo dadaísta americano Man Ray, a famosa Kiki de Montparnasse (nascida Alice Prin), cujas aventuras eróticcas são contadas em uma biografia que vê o prefácio de um ‘certo’ Hemingway.

Um último exemplo remonta a tempos relativamente recentes é o de Amanda Lear, uma atriz italiana, que na década de sessenta começou um relacionamento “não convencional” com o enfant terrible Salvador Dali, que inspirou várias obras. Uma demonstração de que a arte sempre esteve ligada ao amor, e o amor dos artistas sempre esteve ligado à traição.